sábado, agosto 05, 2006

VOX day, o dia em que DEI voz!

Após um tempo reclusa lapidando palavras, meu silêncio resolveu por si só ser postergado. Não sei de onde a voz saiu, vai ver já era hora de pari-la. Petalou, criou asas e agora anda ecoando por aí sob o meu consentimento íntimo. Com a universidade em greve, pude ao menos tomar o tempo em copo largo, com o gole do tamanho que bem quisesse sorver, sem me absorver os ânimos. Participei de um concurso literário com meus parceiros de grupo, o Traças S/A, e conquistei meu primeiro prêmio no gênero conto. Passei a ler mais, a produzir, porejando ARTE e pluralizando esta também em ondas sonoras. Visitei a casa-museu do musicólogo e historiador Cristiano Câmara, aprendi um tanto sobre fotografia e cinema, frequentei as salas escuras com tela imensa e as platéias pouco holofotadas dos teatros da minha cidade. Vi pessoas, estudei feições, mazelas e belezas. Daí, chega o dia em que decido sair dessa teoria note-e-anote-páginas por um final de semana dançante. Fui badalar uma sexta e um sábado à noite com amigos que não via há meses, conheci lugares e fiz amizades novas, respirei o ar do entretenimento musical. Nada demais, foram só resquícios de uma paixão antiga, de menina, paixão esta chamada U2. Não perdoei por muito minha ausência no show dos irlandeses aqui no Brasil, só que se não fosse esse imprevisto, não teria conhecido uma pessoa especial. Em contrapartida, a 4 de Agosto resolvo compensar esse sonho frustrado com uma banda cover aqui de Fortaleza, encontro gente do fã-clube que, até então, só conhecia através da internet e tomo porres de felicidade lúcida. Emocionei-me no carro, de volta pra casa, ouvindo Where The Streets Have No Name, percorrendo as ruas caladas com uma brisa madrugal acarinhando o rosto. Lágrimas escorreram entre os dentes sorrindo. Mal dormi de entusiasmo. No dia seguinte, após uma tarde de aulas de literatura, bate à minha porta do seio o desejo de repetir a dose. Soube que a banda iria se apresentar novamente, dessa vez num restaurante. Aguardei telefonemas de confirmação dos amigos ansiosamente e nenhum retorno, liguei, sondei até que veio a confirmação de um sim. A turma do fã-clube U2 Fortaleza havia guardado um lugar pra mim na mesa em frente ao palco, acenaram e me acolheram tão bem, quando fui surpreendida com um convite: "Alguém sabe cantar aqui?" Pensando que era brincadeira, quieta, respondi um sim com a cabeça. O vocalista da banda , com quem já havia conversado na noite anterior, tomou-me a mão e me pediu para ajudá-lo com algumas canções, pois estava meio-afônico. Aceitei trêmula, voltei à mesa e bebi uísque com gelo. Começa o show. Vibrando e com as letras das músicas de cor, esperei o chamado pacientemente. De repente, Bono cover dispara: "Lola, venha aqui ao palco!" Eis minha estréia: Sunday Bloody Sunday (clássico dolorido e apaixonante - WAR), Bullet The Blue Sky (do álbum Joshua Tree, uma energia sensual alá Led Zeppelin tomou conta do ser). Sinto que não era eu ali, minha timidez evaporada, performance inspirada, inacreditável! Desci pra mesa sob aplausos. Minha primeira vez... Bate-papo em seguida, prestigiando o show. Ao final, convocam-me de novo, dessa vez pra cantar WALK ON em dueto. Encerramos abraçados, toda a banda. Foi deveras surpreendente e lindo, um passo dado na dança da exposição de minha arte. Aflorada em lua crescente, seguirei na espera do inesperado. Sempre! Não é paraíso astral, é desdobramento. Minha criança cresce e acrescento ao mundo dando graças a tudo que liberta.
LONG LIVE ROCK'N ROLL!!!

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