sábado, junho 16, 2012

DEUS SEGUNDO SPINOZA


“Para de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti. Para de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Para de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.


Para de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?


Para de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.


Para de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?


Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.


Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia. Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.


Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno. Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?


Para de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.


Para de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.

Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

Para de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres?


Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... Aí é que estou, batendo em ti.




Baruch Spinoza



As sábias palavras são de Baruch Espinoza - nascido em 1632 em Amsterdã, falecido em Haia em 21 de fevereiro de 1677, foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Era de família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno. Acredite, essas palavras foram ditas em pleno Século XVII. Continuam verdadeiras e atuais até a data de hoje.

segunda-feira, abril 23, 2012

Trecho da biografia AS VIDAS DE CHICO XAVIER, por Marcel Souto Maior




Chico já estava cansado. Trabalhava, lutava no centro, fazia caridade, escrevia quase por compulsão e continuava desacreditado. Ele reclamava dos incrédulos, se queixava dos comentários envenenados e se entregava à reza. Após uma das várias orações, Maria João de Deus voltou a cena e, em vez de um conselho, sugeriu um remédio:

- Meu filho, para curar essas inquietações, você deve usar água da paz.

Chico saiu à procura do remédio em todas as farmácias de Pedro Leopoldo. Nada. Recorreu a Belo Horizonte. Nada de novo. Ao fim de duas semanas, comunicou à mãe o fracasso da busca. A aparição ensinou:

- Não precisa viajar, você poderá obter o remédio em casa mesmo. Pode ser a água do pote.

- Como assim?

- Quando alguém lhe fizer provocações, beba um pouco de água pura e conserve-a na boca. Não a lance fora nem engula. Enquanto persistir a tentação de responder, guarde a água da paz banhando a língua.

Chico engoliu a lição do silêncio. E digeriu.

Nessa noite, sentiu o braço movido por alguém, tomou o lápis e despejou os versos:

“Meu amigo, se desejas paz crescente e guerra pouca
ajuda sem reclamar e aprende a calar a boca”
Casimiro Cunha, poeta de Vassouras, morto em 1914.

quinta-feira, novembro 24, 2011

OS TRINTA E TRÊS NOMES DE DEUS


1. Mar da manhã.
2. Barulho da fonte nos rochedos sobre as paredes de pedra.
3. Vento do mar de noite, numa ilha...
4. Abelha.
5. Vôo triangular dos cisnes.
6. Cordeirinho recém-nascido...
7. Mugido doce da vaca, mugido selvagem do touro.
8. Mugido paciente do boi.
9. Fogo vermelho no fogão.
10. Capim.
11. Perfume do capim.
12. Passarinho no céu.
13. Terra boa...
14. Garça que esperou toda a noite, meio gelada, e que vai matar sua fome no nascer do sol.
15. Peixinho que agoniza no papo da garça.
16. Mão que entra em contato com as coisas.
17. A pele, toda a superfície do corpo
18. O olhar e tudo o que ele olha.
19. As nove portas da percepção.
20. O torso humano.
21. O som de uma viola e de uma flauta indígena.
22. Um gole de uma bebida fria ou quente.
23. Pão.
24. As flores que saem da terra na primavera.
25. Sono na cama.
26. Um cego que canta e uma criança enferma.
27. Cavalo correndo livre.
28. A cadela e os cãezinhos.
29. Sol nascente sobre um lago gelado.
30. O relâmpago silencioso.
31. O trovão que estronda.
32. O silêncio entre dois amigos.
33. A voz que vem do leste, entra pela orelha direita e ensina uma canção...”



Marguerite Yourcenar

terça-feira, outubro 25, 2011

segunda-feira, setembro 12, 2011

Jiddu Krishnamurti > Silêncio

Odilon Redon, Silence, 1911, oil on prepared paper, 54.6 x 54 cm, Museum of Modern Art, NY.

Você consegue olhar para o seu sofrimento em completo silêncio?
KRISHNAMURTI, Jiddu. Talks & Dialogues, Saanen, 1968, pp 81-82.

quinta-feira, setembro 01, 2011