segunda-feira, agosto 21, 2006

Universo em desencanto

Enquanto fazia o trabalho compensador do dia-a-dia escrevinhador, passando a limpo um conto ainda de nome indefinido, enveredado entre os títulos "Identidade" e "(R)Evolução", pus para tocar no Winamp Tim Maia Racional. Envolvida pelo Swing, levada pela levada funk soul cantada belamente in English, fui parando aos poucos para degustar, além de tudo, as palavras. Despertei a audição com alma em punho para as letras cheias de uma energia dita racional miraculosa. "Que beleza", uma das faixas mais divulgadas, até pelas regravações em vozes femininas. Só que dando uma vasculhada no tempo, descobri que com as outras canções, de um teor filosófico estranho o qual Tim adotou com extrema seriedade, foram da sua fase mais obscura. Disco lançado em 1975, ainda não convertido em CD, converte até hoje adeptos de todo o mundo, chegando a pagarem pelo vinil raro, quando encontrado em sebos, até R$1000! Acho uma pena esse reconhecimento tardio, por conta da execração da crítica no passado. Porém, deixou-me intrigada a mística imbuída ao MP3 difusor com o timbre pomposo do polêmico Sebastião Rodrigues Maia. Tim divagou sobre esse Universo em Desencanto, uma seita ou um culto à chamada Cultura Racional. Respeito à natureza, condenação ao comportamento maléfico do homem no assassínio de sua própria racionalidade animalesca, comunhão com seres extraterrenos, a cor branca e o olhar voltado ao céu azul eram indicadores dessa nova era excêntrica liderada por Manuel Jacinto Coelho. E antes que Tim se frustasse com tudo (seria mesmo uma farsa?), anunciou: Leia o Livro Universo Em Desencanto!

Nenhum comentário: