sexta-feira, agosto 25, 2006

ERETO ETÉREO

O céu não passa de um imenso falo armado em azul, anil viril do Deus-Homem admirado por bocas expostas à comunhão dos prazeres no mundo. Das manhãs, a glande intumescente reluz, é Sol ao pôr, bastando um ósculo em seu crepúsculo-prepúcio para tão logo aurorecer. Incessante insaciável ciclo. E quem beija, seja a lua, seja dos ventos a rosa, com a lâmina da língua plena e leitosa, babujará no espaço estrelas cadentes que piscam a cada contração de um pré-parto, de um novo gozo. Tudo música, tudo teatro. O sexo dos anjos tocadores de longas trombetas sendo discutido em um ato por detrás das nuvens alvas. Cumulus-nimbos de desejos acumulados, testículos-planetas achatados nos poros, amassando com as mãos do infinito, ao imbuírem-se nos primeiros líqüidos do orvalho. Forte o cheiro da chuva, suor-sêmen-saliva no buraco negro da Terra cheia de viço e fertilidade. Lá habitam os seres de carne mais sedentos do eterno, que sorvem na cópula do divino e rompem o hímen complacente, cumprindo religiosamente os pagãos rituais de acasalamento.

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