domingo, junho 25, 2006

P&B


O céu nublado me agrada bem mais. É de uma melancolia desenhada em preto e branco, como nos filmes antigos, como nas fotos artísticas tão atuais. A gaivota escura cortando o cinza da imensidão prestes a chover como quem chora de dor, lembra-me o suicídio dos jovens. Não a morte em si, mas a tentativa. Tudo isso soa triste, no fundo, porque quer chamar a atenção. É a lâmpada a fraquejar na escuridão, tentando parecer humana o bastante para desistir da luz. Ninguém consegue olhar para o sol, ele é grande demais, ele é forte o bastante: o iluminado! No dia em que a bola calorenta fenecer já estaremos todos dizimados, isto se ela não nos apagar antes, a nós, astros menores, culpados pelo superaquecimento global.

E esse grito de raios luminosos na minha frente incomoda, não me deixa dormir de janela aberta. Sim, queria poder dormir de janela escancarada, sem pegar chuva, sem pegar sol, nem tanto vento. A natureza não respeita a minha e pago o pato por quem destrói aquela. Eu que não fumo, senão de forma passiva, eu que nunca jogo lixo no chão, eu que não poluo as águas, eu que só uso aerosol sem CFC, eu que não dirijo, eu que não votei no FHC, eu que me previno, mas acabo tendo de remediar. Sempre. Politicamente correta.

A gente não pode regular o clima de fora, por isso imita o criador. Isso para quem acredita. Daí se faz ventilador, aquecedor, cortina, abajour e ar-condicionado. Faz tudo isso enfurnado numa fábrica, tossindo horrores pela chaminé. Nossa neblina não é autêntica tal o Fog londrino, as nossas brumas de Avalon são pura avalanche de fumaça dura.

Câncer. Doída essa palava, né? Como você é negativo... Eu que pensava em retratar um signo do zodíaco, comendo carangueijo na praia nesse dia cinzento e agradabilíssimo. Não quero mais, estou triste. Aliás... Please, amigo... Ei!! Me vê aí um MacLanche Feliz, faz favor!

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