quarta-feira, abril 19, 2006

Nunca é cedo...

"Desejo uma fotografia
como esta - o senhor vê? - como esta: [...]
Não... neste espaço que ainda resta
ponha uma cadeira vazia.

Cecília Meireles: "Encomenda"

Quando se apercebe da noite
Quando se persegue um objeto cheio de objetivos vazios
Quando se dorme de luz acesa e perde o foco
Quando se desencanta do mundo sentado num canto
Quando se espera erguido na estação
Quando se gera vida sem se preservar altivo
Quando se chega ao ponto da impontualidade
Quanto mais se faz novas promessas, menos se pensa nas antigas
Quando se sorri pro sol do vésper ele não corresponde, pondo-se em seguida
Quando se romantiza demais chega a Werther sangue
Quando se aproxima a faca, o garfo e a fome do assaltante
Quando se bebe o CO2 d'algum carro envenenado
Quando se fere o pulso ao carregar avulso um canivete
Quando se avança na marcha ré militar
Quando se pertence a um grupo
Quando este corpo não te pertence
Quanto menos se esforça, mais te força a barra
Quando se perde tempo lendo a vida alheia
Quando se queima a mufa dá problema de memória
Quanto mais se quer saber, menos se sente
Quando eu chegar
Quando você crescer
Quando eu disser o que tenho tudo pra dizer
Já será...


TARDE DEMAIS
Mesmo que soltem por aí um Nunca é tarde para nada


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