quinta-feira, junho 18, 2009

Mas você sabe que o mar transborda...

A água do mar é ruim para os homens e saudável para os peixes. (Heráclito)

Tem ânsias por mastigar a borda do copo de vidro, imagina-o feito de gelo. A língua fica grudada, um gole vira afogamento. Dá umas braçadas e nada. Nada pelo inverso de tudo. Fragmenta as ondas aumentadas, é encoberto por elas. Ainda possui ar nos pulmões.

Desmaia que grita dentro do sonho. Acorda com a boca na garrafa de dois litros, destas de refrigerante, embora seja água. Não há mais vasilhames em casa, se existem, evita-os porque já treme nas mãos. Escondem bem, sabem do medo que tem em perder o que se guarda. Mantimentos cardíacos estão em disparada. Sobre a mesa uma poça da derrama onde se deita. Respira por uma narina só, a outra bebe.

Tem frio, mas não o sente, adormecido no tato. Diz-se que o gelado preserva, enquanto o sol envelhece. Ambos queimam a pele. O canto de seus olhos engilha cedo com a idade da pedra de gelo na era dos macacos. Pés de galinha observam a pia entreaberta, a tigela do animal repleta, o banho demorado do menino que deixa escorrer gozo pelo ralo. Ouve a descarga pesada de alguém que acaba por despejar um amarelo-claro nessa eterna troca da limpa pela suja.

Eis que irrompe das cascatas uma tromba quando o elefante chafariza os hipopótamos. Mas até quando, Poseidon? Vai que escassa, vai que rareia e o rabo da sereia reclama?

Gota d'água em tempestade no corpo do homem o fez derramar pranto salgado até a morte. Navega. Acende a vela do barco. Lucius que estais nos céus com diamantes. São Pedro, são pedras, e no mundo não mais existe a água!

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