segunda-feira, novembro 19, 2007

Terror Noturno


O gato arranha um novelo de vã enquanto a ansiã filosofia vai assistindo novela. Óculos de grossa lente escorregam pelo nariz em óleo cru. Dona Maria precisa de um banho. Ave, a santa sobre a prateleira quer voar! Mas a poeira é tanta, que não deixa passar áurea pela torneira, vira teia de negra aranha. A viúva tece o pijama para o defunto, nem se dá conta. Acha que o marido adormeceu fora da cama. Pés frios, adiante. Era para ter posto as botas antes de ter batido. O felino torce o rabo para puxar um fio. E ela ronca no sofá.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Hoje, por teclas insones, se enviam palavras mudas aos endereços fúteis que, sem culpa, nem pudor, acumulam em suas lixeiras o dialeto da esquiva, dos que desconhecem as esquinas da vida, cheias de bares e brilho. Onde, pais e filhos procuram, furtivamente, o paraíso prometido, tentando fugir da nova poltrona, da velha matrona que espera, com olhos arregalados, seus pobres coitados retornarem, cansados e vazios, para lhes aquecer os pratos e esfriar-lhes o pranto. E, durante seus roncos, se sonha merecidamente a meretriz do ídolo das oito." (aluisiomartins)