quinta-feira, dezembro 14, 2006

ROLETA RUSSA


Restava a última bala na caixinha como se restasse a última bala no pente do ladrão. E chupei-a sem más intenções até que me fuzilastes com os olhos em minha boca. Nesta exata hora percebi com muito gosto, sabor hortelã-jaz-mim, que querias um beijo. Ou deduziu que eu desejava, ao esticar os lábios molhados com aquilo na ponta, feito o convite:
- Vem, pega! Leva nos dentes um pouco da minha fome.
Lembrando a máxima cristã da partilha do pão.
Mas fiquei receosa, resguardando-me no degustar da guloseima toda infante, pueril. (Será que ele rio?) Quando ousava apertar o gatilho na aproximação, surgia um anjo bobo me di-ZEN-do:
- Não, não!!
Daí foi ficando tarde, a saliva dissolvia o tempo e mastiguei na distração. Brincadeira mais sem graça... Acabei esquecendo a saída.
Morreu a ocasião.

Um comentário:

Nilze Costa e Silva disse...

Show, o seu blog, Paola. amei!