quinta-feira, abril 07, 2011

Plath loves Woolf and I love both


Eu já temia ficar feliz demais em minha vida prática predominante: em vez de estudar Locke*, por exemplo, ou escrever — preparo uma torta de maçã, ou estudo o Joy of Cooking**, lendo o livro como se fosse um romance precioso. Uau, disse a mim mesma. Você se refugiará no doméstico e sufocará enfiando a cabeça numa tigela de massa de biscoito. E bem que agora eu pego o bendito diário de Virginia Woolf que comprei junto com vários outros livros dela no sábado, com Ted***. E ela supera a depressão causada pela recusa da Harper’s (imagine! — e mal posso acreditar que os Grandes Nomes foram rejeitados, também!) limpando a cozinha. Preparando haddock e linguiça. Bendita seja. Sinto minha vida ligada à dela, de certo modo. Eu a amo — desde a leitura de Mrs. Dalloway para o sr. Crockett — e ainda posso ouvir a voz de Elizabeth Drew a me causar um arrepio na espinha na imensa sala de aula do Smith****, quando lia To the Lighthouse. Seu suicídio, senti que o reproduzi no negro verão de 1953. Só não consegui me afogar. Calculo que sempre serei muito sensível, ligeiramente paranóica.
*John Locke, filósofo inglês.
**Famoso livro de receitas publicado em 1936.
***Ted Hughes, marido de Sylvia.
****Smith College, faculdade onde Sylvia graduou-se.

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