Laranjas podres, laranjas podres. Onde, onde? Perigo. Quase sempre não as vejo, mas estiveram ali há uns dias nauseantes. Por que laranjas são tão baratas? Não são a preço de bananas apenas por serem laranjas. O cheiro que fica nas ruas baldeadas em lixo é cítrico. Há uma excentricidade no chorume das calçadas. Todo mundo as sente quando vem o caminhão, os homens com sacos, rasgos de unha canina, última chupação de gomos nas sobremesas de casa aos self-restaurantes. A gente pula o visgo negro que chora nas embrenhaduras das sargetas para não restar na sola o resto do que se joga fora, do que não mais se come. Só que hão mendigos, hão carroceiros à procura de suas latas-papelões-plastificantes e se deparam com o impregnante indício do que pereceu, mas não foi. Fossas, lá estão eles nelas, desembocando pelas fuças nasais a razão de seus resistenciais conflitos. Olha o pretume da canela daquele homem, olha o banho roubado da torneira em frente ao transpassar dos outros, dos carros. Invisíveis, mas se vão nus são presos. Enquanto segue o curso do canal, os indigentes esfregam suas carnes sujas, a água escoando. Chuva tenta esclarecer, e vai à lama.
Nenhum comentário:
Postar um comentário