sábado, junho 14, 2008

Disfarce à face

Eles devem ter percebido, o silêncio é meu pior disfarce. Por mais sorrisos que esboce, o canto da boca repuxado para o lado esquerdo indica descontentamento do brabo. A testa enruga sem denotar avanços de idade, embora a alma fique mais velha a cada mágoa, feito vela assoprada depois de vel(ório) rasgado. Antes fosse morte de passado, porque não é sempre que se consegue matá-lo, tão recorrente, corrente presa ao calcanhar com bola cheia de dentes. Antes fosse Ícaro que ácaro. Escondi-me no lençol para chorar aquela noite tal uma poeira imperceptível. Perecivelmente anônima entremeada às lágrimas. O muco escorreito ressecava, a mão do medo bandido tapava minha respiração. Peito em conta-gotas, gotas infindas. Quando triste, levo os punhos cerrados a golpear a cabeça como quem diz: "que burra, que tola, que nada!!!" Sorte minha por ter bebido álcool, dancei feito um macaco. Até cansar de ter pena de mim. Suei para poder dormir, corpo pesado, pesadelo deslembrado no outro dia...

2 comentários:

Chrystian disse...

Parabéns pelo texto. Gostei muito da sua descrição.

Heitor Ribas disse...

Cheguei até aqui pelo blog da Inês, pelo visto ali deve ser um portal que nos transporta a lugares onde idéias e poesia na forma de letras tomam todos os espaços. parabéns
Heitor