A couraça das palavras protege o nosso silêncio e esconde aquilo que somos Que importa falarmos tanto? Apenas repetiremos. Ademais, nem são palavras. Sons vazios de mensagem, são como a fria mortalha do cotidiano morto. Como pássaros cansados, que não encontraram pouso certamente tombarão. Muitos verões se sucedem: o tempo madura os frutos, branqueia nossos cabelos. Mas o homem noturno espera a aurora da nossa boca. II Se mãos estranhas romperem a veste que nos esconde, acharão uma verdade em forma não revelável. (E os homens têm olhos sujos, não podem ver através.) Mas um dia chegará em que a oferenda dos deuses, dada em forma de silêncio, em palavra transfaremos. E se porventura a dermos ao mundo, tal como a flor que se oferta - humilde e pura - , teremos então cumprido a missão que é dada ao poeta. E como são onda e mar, seremos palavra e homem. |
THIAGO DE MELLO |
sábado, fevereiro 04, 2006
Silêncio & Palavra
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