terça-feira, julho 11, 2006

O Amor

O Amor

As lágrimas mais salobras são proclamadas em silêncio, no íntimo tornam-se mar havaiano, o de dores mais altas. É o que também alimenta e, para isso, sacrificam-se os peixes, mortos pela boca sem dizer palavra. O choro transborda quando o sentimento é fácil, porque complexidade já basta fincada na razão, feito uma âncora a suportar o peso do barco no empuxo das ondas. Vêm e vão, não em vão, mas para o bem. Relativismos. O mesmo sol que se afoga no ocaso, põe a cabeça de fora aureolando os dias. A esperança se antepõe verde lembrando a cor dos olhos do oceano, da natureza plantada no fundo da verdade a nos fazer melhor respirar. Os sorrisos mais refulgentes se constatam em presença uns dos outros, dar de ver pela rosa que já por si só sendo sedosa, em contraste com outras, prolifera maior a beleza. Estrelas são os resquícios de saliva dos anjos ao gargalharem no meio da noite, articulando galhofas para ela, enquanto os poetas se distraem com suas lunetas mágicas. Eles tentam capturar o riso aceso sem fogo paliativo, mas eterno e preciso feito um farol a servir de guia aos navegantes sem aviso prévio. Tão espontâneo quanto um rasgo no céu escuro, uma nesga redonda e alva, um buraco repleto de luz. O luar mirando nos densos azuis dos lençóis de água parece espantar qualquer sinal de chuva dentro das nuvens-travesseiro. Dorme todo o pesar sem sono leve ou terror noturno. Haverá sempre o faroleiro mor a velar prazenteiro e profundo: o Amor.

Nenhum comentário: