domingo, setembro 25, 2005

O Grande Verme


Ao invés de sangue, pequeninos vermes a percorrer as veias pútridas daquele outro serzinho asqueroso. Não se sabe como ainda se mantém vivo, não deveria se preservar tanto. Os pobres vermezinhos logo irão se fartar dos seus restos, restos ainda vivos para a infelicidade dos tolos que o cercam. Por que não enjaulá-lo num quarto abafado, sujo e diminuto feito ele? Deviam arrastá-lo até esse lugar fétido e permear o seu corpo de ratos. Ratos gostam de lixo e são mais dignos que ele. Deixem os roedores se divertirem, no dia seguinte eles poderão dar lugar às baratas, das baratas às moscas... Se bem que esses bichinhos merecem alimento melhor. Ele é mui inferior a qualquer inseto. Insetos mantêm o equilíbrio da natureza, das belas flores perfumadas; ele é feito de incorreção, de desequilíbrio e bolor, é um infeliz desnaturado! Não se deve ter pena desse lixo, ele não pode ser reciclado, seus erros são irreversíveis. Deve-se ter sim compaixão da atmosfera poluída pela respiração desse estorvo, dos animais que foram mortos para servir de sua alimentação, do tecido gasto para vestir seu corpo imundo.
E quem falou que essa coisa tem coração? Há uma minúscula pedra quebradiça envolvida por galhos podres em seu peito quase oco, nada mais. Sua mente sim é que é oca, a não ser quando a podridão do seu interior o repuxa feito uma descarga quebrada, onde as fezes se misturam emergindo para a sua boca, fazendo-o vomitar palavras marrons desordenadamente. Mãe também ele não tem. Nasceu de um aborto mal-feito de uma chocadeira qualquer, sem nome, sem alma, desorientada e cega. O pai? Digamos que um urubu engravidou sua carniça, lançando nela sementes empretecidas escarradas de qualquer maneira.

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